18/09/2014

O ESPANTOSO CICLO DE VIDA DA LAGARTA MARTA

O espantoso ciclo de vida da Lagarta Marta

1.ª ed. – Massamá: ed. de autor – CreateSpace, 2014.

[78 págs. ; 27.9 x 21.6 x 0.5 cm; ISBN-10: 150044619X; ISBN-13: 978-1500446192].


Na livraria Amazon.
Em Portugal, no Coisas.



História baseada em factos científicos, mas efabulada de modo divertido. 
A Lagarta Marta convive, num piquenique, com a Juvenil Joaninha, o Grande Grilo, o Escaravelho Velho e o Senhor Cigarra – do reino animal, e é homenageada pela Rosa Rainha com o Baile das Flores, no jardim encantado. Mas de quem ela quer ser amiga é de Matilde, a menina da casa da quinta.
Após várias peripécias e muitas mudanças, a Lagarta Marta conquista a autoestima, cresce e aprende a gostar dos outros e do mundo ao seu redor. Torna-se, assim, gradualmente na Borboleta Julieta.
Uma história para miúdos e graúdos, com bastante imaginação gráfica.



“E assim a Borboleta Julieta viveu quatro fases do espantoso ciclo da sua vida que são quatro maravilhosas aventuras. Começou por ser um minúsculo ovinho depositado em cima de uma folha. Desse ovo saiu uma lagartinha que foi comendo, comendo e crescendo, há medida que ia mudando de pele. De lagarta passara a crisálida, no interior da qual sofreu a última e mais complexa transformação, tornando-se num belo inseto de magníficas asas.” (p. 56-57).

15/09/2014

O PRÍNCIPE E O SINO - conto - de JC Canoa


 O PRÍNCIPE E O SINO

História e desenho de JCCanoa (15 anos)


Tudo se passou há muito, muito tempo no jardim de um palácio real.


As flores pareciam bailar suavemente, mostrando as suas garridas cores. Os pássaros cantarolavam alegremente nas altas e verdosas árvores. E tudo era acompanhado de uma harmonia e odor maravilhoso que nos inspira e dá asas de liberdade.

Por entre todas estas maravilhas naturais, deslizava um pequeno príncipe vestido com bonitas vestes e com os cabelos em anéis quase tão brilhantes como a bola que segurava nas mãos.

Não penses que era uma bola normal, igual à tua e a tantas outras que existem. Não. Era uma bola de oiro. É claro que não saltava, mas o principezinho não se importava com isso.

Todos os dias brincava com ela, segurando-a bem firme e zut!... Lá ia a bola pelo ar, caindo num sítio onde não fazia estragos. Corria então a apanhá-la e tornava a lançá-la para tornar a fazer o mesmo.

Foi assim que um dia se encontrou numa zona mais afastada do jardim do palácio, onde tudo crescia em mais liberdade e sem cuidados. A relva estava muito alta e as flores misturadas com as ervas; mas não era por causa disso que eram mais feias, antes pelo contrário: eram viçosas e desabrochavam com uma rara beleza e cor.

O príncipe ficou encantado ao ver­se num novo mundo desconhecido e ia embrenhar-se por ali a dentro, quando soou o gongo para o jantar.

Sacudiu o fato e correu para o palácio, prometendo a si próprio que ali voltaria no dia seguinte. Sabia-se lá o que poderia encontrar!...

Assim o pensou e assim o fez. Logo que pôde vir brincar para o jardim, observou onde estavam os jardineiros, fingindo brincar normalmente com a sua bola e, na primeira oportunidade, esgueirou-se.

— Já posso brincar
Sem me incomodar
Sem ser ouvido
Ou repreendido.

Cantou ele alegremente. Como ali tudo era tão livre, tão natural, tão belo! E o principezinho olhava tudo em redor.

— Oh! – exclamou ele surpreendido. – Sempre pensei que esta torre estivesse fora das muralhas do palácio.

Era verdade. A torre que o principezinho encontrou era muito alta, mas as árvores do jardim também o eram, permitindo apenas que o andar superior da torre se avistasse das janelas do palácio e, como as árvores também eram muitas, encobriam as muralhas.

— Viva! – gritou o príncipe radiante. – Nunca ninguém me disse nada sobre esta torre e... oh que bom! Tem um sino! Vou tocá-lo!

Entrou para dentro da torre que não tinha porta e subiu os degraus dois a dois; mas que desilusão!...

— Não tem corda! Assim não posso tocá-lo! – disse desiludido.

Olhou em volta a ver se via vestígios de alguma corda, mas nada... e ficou tão dececionado que, sem pensar, perguntou ao sino:

— Então, Senhor Sino, que é feito da sua corda?

Mas, supresa das surpresas, o sino respondeu:

— Ora, que corda? Nunca usei nem preciso de uma corda.

— Mas o Senhor fala! – exclamou o príncipe muito admirado e descobrindo que o sino tinha olhos e nariz, além da boca.

— Pois claro que sim! - retorquiu-lhe o sino. – Só que nunca ninguém me havia perguntado nada a não seres tu agora.

— E como é isso de não precisar de corda? Todos os sinos, como o Senhor, precisam que lhe puxem uma corda senão não tocam.

— Pois eu não. Sou especial!

— Especial?... – proferiu o principezinho em tom de dúvida, pois não compreendia.

— É claro! Sou mágico! Um sino mágico!

— Não sei se acredito. Não! Não! Não acredito a não ser que... toque um pouco para eu ouvir.

O sino ficou triste e, soltando três grandes e brilhantes lágrimas, que só os sinos são capazes de chorar, disse:

— Não posso...

— Bem me queria parecer – disse o príncipe sem troçar do sino pois era muito amigo de tudo e de todos e, além disso, o facto de um sino ter olhos, nariz e boca já era muito. No entanto, como estava a gostar de conversar com o sino, continuou:

— E porquê?

— Perdi o meu badalo – respondeu o sino começando a soluçar.

O pequeno príncipe olhou para o interior do sino. — Lá isso era verdade! Faltava-lhe a bolinha que todos os sinos têm.

— Ora, não chore, Senhor Sino! Eu hei de encontrar uma solução. Eu... eu tenho uma bola que serviria muito bem de badalo, uma bola de oiro maciço.

O sino parou de chorar e abriu os enormes olhos.

— Mostra! Mostra! – pediu logo.

O principezinho estendeu os braços e a bola de oiro amarelo luziu nas suas mãos.

— Não te importas de ma dar? De verdade que ma dás? – perguntou o sino numa torrente de palavras, olhando-o com os olhos radiantes, que, a princípio, pareciam ter saído das órbitas.

— Claro! – foi a resposta do príncipe. – Só não sei como prendê-la ao ferro do antigo badalo.

— Lembra-te que sou mágico. Encosta a tua bola a esse ferro e ela ficará presa.

O príncipe assim fez.

— Que bom! Ficou mesmo! – exclamou ele, sentido ter encontrado um novo e fantástico amigo.

— Fico-te eternamente agradecido. – disse o sino. – E, como prova do meu reconhecimento, tocarei sempre que quiseres.

E começou a tocar para grande surpresa do príncipe que nem queria acreditar.

O sino tocava muito bem, mas também muito alto, ouvindo-se em todo o palácio real.

O rei, a rainha, as aias, os criados vieram todos verificar o ocorrido, maravilhados. Há tanto tempo que o sino deixara de tocar!

O rei então mandou os jardineiros cuidarem daquela parte do jardim e, sempre que o principezinho podia ir para o campanário, ele ia conversar com o sino e ouvi-lo tocar.

FIM




Conto publicado na  revista Girassol, n.º 45, abril 1983, pp. 12 e 10.

UMA BARQUINHA SEGURA - poema - de JC Canoa

Navegar - aguarela - por Margaret Ellis

O SEGURO E A POUPANÇA

Poema de JC Canoa, 1984 [17 anos]


à Professora e Orientadora Ana Maria Moniz Ribeiro

I


Barca, barquinha
foi construída toda ela
em madeira economizada.
Muito branquinha,
tem uma vela
de risca encarnada.

Gastando com moderação,
o barqueiro poupado
aumentou a sua embarcação,
substituiu o mastro debilitado.
Pois que ao poupar juntou
As sementes que depois semeou.

II


Barca, barcarola
fendendo ondas de tempo,
de velas enfunadas ao vento,
de bandeirola…
Ondeando em água tumultuosa e escura
Vai vagueando solta e não segura…

Navegando em águas profundas,
numa profunda imensidão;
arando as ondas vagabundas
entre rochosa extensão,
a barca corre o risco de naufragar…
vai, pois, o barqueiro ter que a segurar.

III


Barca barqueta
no seguro posta está,
abrigada dos perigos que há.
Não dos da Nau Catrineta,
mas dos imprevistos do futuro.
— O seu barqueiro vai pelo seguro.

Barqueiro tão poupado
é homem afortunado.
Sua barca estando no seguro
descobre acautelada o futuro.
Pois que o Seguro e a Poupança
são o ideal para uma vida em segurança.

IV


Barca, barquinha,
toda branquinha,
veleja ao vento
ondeando com alento.
Seu barqueiro feliz
a todos adeus diz!



_______
Menção honrosa no Concurso O Seguro e a Poupança, integrado na comemoração do Dia Mundial da Poupança de 1984, organizado pela Companhia de Seguros IMPÉRIO.

Início

Blogue pessoal iniciado a 15.09.2014, com o objetivo de aglutinar os meus blogues num único.

[mensagem de teste]

14/09/2014

ERA UMA VEZ UM PULGÃO - um poema visual para ti


ERA UMA VEZ UM PULGÃO



Era uma vez um pulgão
chamado Saltitão
pois passava o tempo
a saltitar:
d’aqui... p’ra ali
d’ali... p’ra aqui
bem alto
no ar.

E, em cada salto,
o pulgão
Saltitão
fazia torção
e cambalhota.
Muito brincalhão,
sempre na risota,
quase nunca parando no chão.

Certo dia, o pulgão
Saltitão
deu um salto tão alto
que deixou de ver o chão...
E subiu, subiu
sempre no ar
até quase tocar
com a mão no céu...

Então lá desceu, assustado
o pobre coitado.
E foi tão grande
o trambolhão
que levou um tempão
para acalmar o coração
muito apressado
do pulgão Saltitão.


José Carlos Canoa
, 20.09.1996
Poema visual datiloscrito, agora com o texto arrumado convencionalmente e revisto.

13/09/2014

CHAMA-SE SONHO A ESTAÇÃO - poema visual

CHAMA-SE SONHO A ESTAÇÃO

Poema de JC Canoa, datiloscrito, 1985 [18 anos]



Chama-se SONHO a nossa estação de saída...
O comboio risonho somos nós, pois então!
Embarquemos e partamos em viagem,
Ó aventurosa e alegre miudagem!
Pouca terra! Pouca terra! Uh! Uh!...


A pouco e pouco, a pouco e pouco
Ganha velocidade na sua marcha...
Um longo silvo se solta e arrasta
Na sua rodagem metálica de louco:
Uh!... Uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuh!


Rodando em tão rápido movimento
Já avançou em velocidade e encantamento:
Devorando vales, montanhas, penedos
Pinhais, vinhais, trigais e arvoredos...
Parece até dizer: — Pouca terra!


No comboio livre e aventureiro
Às janelas abertas vai debruçada,
Toda curiosa, a criançada.
Tantas caras alegres a viajar
querendo tudo admirar!...


E avistaram um fresco arco-íris de sabores,
Flores bailando em tutus multicolores
E bicharada, terrestre e aérea, muito engraçada...
Um pôr-do-sol, todo ouro fundido,
No leito do rio mirando o rosto refletido.

Avistaram casas construídas em chocolate,
Árvores que eram enormes chupa-chupas
E mesmo colossais castelos erguidos no ar
Ou um príncipe sensível preso numa torre
Que um príncipe valente foi salvar.


Pouca terra! Pouca terra! Uh! Uh!...
Passam histórias, passam horizontes...
Mas o apetite está a embarcar...
E a locomotiva devorando montes
Está a dizer: — Tenho fome! Tenho fome!


Já se avista, ao fim do percurso, o destino...
A pouco e pouco, custosamente, devagar
O comboio abranda a sua cadência...
O freio, manobrado, acaba por o parar.
E os passageiros apeiam-se, felizes e com tino.



José Carlos Canoa, 20.12.1985
Poema visual, com o texto arrumado convencionalmente e revisto.