Ter um amigo é um tesouro
O sol acabara de se pôr... e os beirais dos telhados ficaram mais sombrios. Os pássaros recolheram-se aos seus ninhos. A água dos lagos e dos rios aguardava pela lua para voltar a brilhar. As plantas dos campos e dos jardins fecharam-se em concha, sonolentas. E o os bichanos aproximaram-se do calor de outros bichos e dos humanos, com as lareiras ainda acesas.
— Vejo o pôr do sol. Pipiu! – chilreou o pardal-do-telhado. – Os arvoredos, os montes e as margens dos rios vão perdendo a nitidez das suas formas e o seu volume. Pipiu! Os seres vão ficando pardos e indistintos. Pipiu! Todavia, nas árvores folhosas, como num hotel de muitos pisos e quartos, os pássaros chilreiam em grupo. A noite dá-nos abrigo. Pipiu!
— Ouço o cantar das crianças. Miau! – miou o bichano. – A algazarra das suas
brincadeiras. Alegres nos tempos livres, sem escola ou trabalhos de casa. Ronrono e gosto dos seus mimos, quando me alisam o pelo e me dão muita atenção. Miau!
brincadeiras. Alegres nos tempos livres, sem escola ou trabalhos de casa. Ronrono e gosto dos seus mimos, quando me alisam o pelo e me dão muita atenção. Miau!
— Sinto a frescura das águas. Glup! – roncou o peixe-dourado. – São mais frescas e escuras ao entardecer. Glup! Parecem iluminadas apenas pela luz de velas. Glup! Em vez de banais e claras, são misteriosas e veladas. Como a vida por viver.
— Sentimos com o coração, por dentro. Miau! Pipiu! Glup! – disseram os três, irmanados em laços de afeto – Sentimos o calor essencial da amizade. Miau! Nunca mais estaremos sós. Pipiu! Escutamo-nos uns aos outros, compreendemo-nos e apoiamo-nos. Glup! Ter um amigo é um tesouro. É como um dia de sol!
Miau! Pipiu! Glup!
(inédito)